Assistindo ao vídeo "Você é a sua maior inovação", de Marc Kirst, um garoto, garoto mesmo, muitas coisas me vieram a mente do que tenho vivido ultimamente.
Kirst conta que conversando com um professor, esse lhe disse que propósito é algo que a pessoa tem para si mas que transcende ela mesma. Ou seja, o propósito cabe a uma só pessoa, mas é maior do que ela.
Todos temos um tamanho e esse tamanho não é relativo a medidas métricas ou de qualquer outra grandeza, e sim ao tamanho certo do que viemos para SER e CUMPRIR.
Ninguém pode ser maior do que o que veio para cumprir. No entanto, pode estar sendo menor, caso ainda não esteja no caminho desse propósito.
Essa geração de Millennials parece estar saindo da anestesia de viver para o que os outros querem delas, o que a sociedade espera delas.
Para ilustrar o que vem acontecendo com as gerações anteriores, cito Sri Prem Baba (Propósito: A coragem de ser quem somos): "Vivemos em uma sociedade ambiciosa que valoriza mais o poder financeiro do que a realização pessoal. Nosso sistema educacional não proporciona à criança o contato com aquilo de ela verdadeiramente gosta".
Pior que não saber ainda seu propósito é sabê-lo e fugir dele!
Conheci o pajé da Aldeia Maracanã (RJ) em um evento ambiental. Foi um momento muito especial. Ele estava quieto na sala em que o artesanato estava exposto e, quando a índia nos apresentou, o pajé começou a contar sua estória. Senti que ele estava contando realmente pra mim, não como uma estória que é sempre repetida.
Ele contou que quando tinha 8 anos, começou a ter sonhos ruins e pesadelos com seres e monstros da mata. Nessa época, os filhos das famílias mais importantes da tribo estavam sendo preparados para a escolha do novo pajé. Muito assustado, o garoto falou dos sonhos com o pai que, interpretando as descrições do filho, respondeu que não eram monstros, eram espíritos da mata e que eles o tinham escolhido para ser o novo pajé. O garoto chorou de espernear que não queria ser pajé. Brigou muito com a ideia. Berrava e chorava que não era e não iria ser.
Nesse momento da nossa conversa, o pajé foi chamado para receber uma premiação no palco do evento e fiquei sem saber a continuação da estória: mas o final já sabemos.
Missão / Karma / Alma
Voltando ao meu caso, somente posso concluir que brigar com a sua missão é em vão. Talvez eu tenha feito isso a vida inteira (e de vez em quando ainda caia nessa armadilha). Antinatural como somente nós, seres humanos, podemos ser, digo que negar aquela força que é só sua e que te move naturalmente para onde (o Universo) tem de ser é, no mínimo, um desperdício.
Acho que muitas fichas foram caindo pra mim ao mesmo tempo nessa época, afinal eu estava lançando meu primeiro livro nesse evento, um livro que tanto relutei em "mostrar" ao mundo (Tarde em Arabescos, reunião de mais de 20 anos de poesias).
De tudo que fiz, esse lado era algo que sempre procurei esconder, negar ou jogar para uma espécie de último plano. O pajé estava me contando a sua estória e na hora eu entendi seu recado!
Agora, quase virando pra terceira década do XXI, estou novamente perto de mim como estava aquele adolescente no início dos anos 80, contestando o sistema de ensino, falando aos professores que aquele ensino era puramente acadêmico, científico, engessado e estava 200 anos atrasado. E lá ia eu de novo, expulso de sala de aula ...
Hoje é fácil ver que aquele garoto estava sozinho. Mas não o Marc Kirst, da palestra do TEDx que citei acima, que brilhantemente falou do futuro e do seu futuro, assim como a sua geração que busca realização e contribuição real para o mundo!
Acho que temos uma geração chegando aos 18, 20 anos, que pode virar o jogo (espero, sinceramente, que ela não encarete como a minha geração que tanto avançou no sentido lutar por um mundo mais justo).
Para mim, missão, propósito, tarefa da alma, cumprir sina, todas essas maneiras de ver mais ou menos iguais, têm de ser para contribuir com o mundo.
ESTAMOS NO DIREITO DE SERMOS MAIORES DO QUE SOMENTE NÓS MESMOS!
E você, vai viver para ser ao que veio?
"Você é a sua maior inovação", Marc Kirst, TEDx
